segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Aconteceu,Virou Manchete

   Vamos Colocar a Manchete No Ar ?

Rede Manchete Entenda a História Da Maior Emissora Do Brasil

                                  
 
          Rede Manchete (também conhecida como TV Manchete ou apenas Manchete) foi uma rede de televisão brasileira, fundada na cidade do Rio de Janeiro em 5 de junho de 1983 pelo jornalista e empresário ucraniano naturalizado brasileiro Adolpho Bloch que permaneceu no ar até o dia 17 de maio de 1999. A programação da emissora foi marcada por altos e baixos durante a sua existência. A cobertura do carnaval carioca também teve grande destaque na programação da TV Manchete. A emissora mostrava os preparativos da grande festa popular do país com os programetes Feras do Carnaval e Esquentando os Tamborins, exibidos ao longo da programação. A cobertura do "Carnaval da Manchete" começou em 1984, ano de inauguração do Sambódromo carioca. A emissora de Adolfo Bloch conseguiu exclusividade nas transmissões daquele ano após desistência da Rede Globo, ocorrida por questões de ordem política (desavenças entre Roberto Marinho e Leonel Brizola). No ano seguinte (1985) a Globo voltou a transmitir os desfiles simultaneamente com a Manchete. Em 1988 a Manchete não transmitiu os desfiles por conta de um impasse com os organizadores dos desfiles e em 1999, a falta de recursos a impediu de transmitir o evento. Outras telenovelas de sucessos produzidos pela Manchete foram Dona Beija (1986), Helena (1987), Corpo Santo (1987), Kananga do Japão (1989), além da sua primeira produção dramaturgia, a minissérie Marquesa de Santos (1984). Um dos seus mais notáveis sucessos foi a novela Pantanal, exibida entre 1990 a 1991. Vieram outros como A História de Ana Raio e Zé Trovão (1991), Tocaia Grande (1995) e Xica da Silva (1996). O canal se tornou conhecido também por exibir as diversas séries de tokusatsus e animes, todas de origem do Japão, com grande sucesso, que também foi responsável da introdução das produções japonesas no Brasil, que anos depois, outras emissoras de TVs abertas e assinaturas passaram exibir outros animes. Nos anos 1980 eram exibidas as séries Patrulha Estelar, Jaspion, Jiraiya, Changeman, Flashman, Maskman. Nos anos 1990 eram exibidas séries Black Kamen Rider, Maskman, Cybercops, Patrine e Winspector. Depois disso, foi a vez dos animes Cavaleiros do Zodíaco (episódios e em OVA), Samurai Warriors, Shurato (episódios e em OVA), Yu-Yu-Hakushô, Sailor Moon, Super Campeões , B'tX , Jiraiya (em versão anime) , US Mangá. Nos anos 1990 os programas infantis foram: Dudalegria (manhã); A Turma do Arrepio e Clube do Seu Boneco (ambos na tarde) em 1995. Além desses programas, eram exibidos desenhos considerados "clássicos" das décadas de 50, 60, 70 e 80: Calvin e o Coronel, Dartagnan e os Três Mosqueteiros, Don Quixote de la Mancha, Família Drácula, O Pirata do Espaço, Super Tiras, Patrulha Estelar, Superaventuras, Família Tró-ló-ló, Josie e as Gatinhas, Lorde Gato, Marmaduke, A Turma do Abobrinha, Goldie Gold e Manda-Chuva e os sitcoms Seinfield e Friends. Outro nome famoso, que ganhou projeção na Manchete foi o do radialista Eloy Decarlo. Conceituado comunicador carioca, se tornou nacionalmente conhecido quando, por todo o tempo de existência da emissora, foi a "voz-padrão" das chamadas da programação do canal e das vinhetas, principalmente nos comerciais. O jornalismo foi o carro-chefe da emissora. O telejornal Jornal da Manchete, o principal informativo do canal, trazia aprofundamento das notícias e comentários de grandes nomes do jornalismo brasileiro, como Carlos Chagas, Villas-Boas Corrêa, Zevi Ghivelder
e Salomão Schvartzman, entre outros e comentaristas como João Saldanha. Também revelou os apresentadores Mylena Ciribelli, Cláudia Cruz e Alexandre Garcia que posteriormente transferiram-se para a Rede Globo. Nos primeiros anos da emissora, o Jornal da Manchete ficava no ar por três horas, o que nunca ocorreu na história da televisão brasileira, já que os telejornais locais e nacionais da década de 1980 e anteriores, nunca ultrapassaram os 40 minutos de exibição. Sua primeira parte, dedicada ao noticiário cultural, era intitulado Panorama Manchete, apresentado por Íris Lettieri (na época, a voz do aeroporto carioca e do número de telefone que informava a Hora Certa) e Jacyra Lucas. Seguia o Manchete Esportiva, apresentado por Márcio Guedes e Paulo Stein. Ainda tinha o Debate em Manchete, com Arnaldo Niskier. Então vinha o noticiário com Carlos Bianchini e Ronaldo Rosas. A emissora passou a usar certos apelativos como cenas de nudez em novelas como Dona Beija, Pantanal entre outras produções da casa e até espetáculos de striptease impróprios para o horário como o da jornalista Íris Lettieri na contagem regressiva para o carnaval e no programa de calouros de Raul Gil em horário vespertino além de programas de striptease com telesexo.

A Historia

;
Concessões
A concorrência para as duas novas redes de televisão foi realizada pelo Governo Federal do Brasil em 1980, depois que a TV Tupi foi cassada. Participaram da concorrência os grupos Abril, Silvio Santos, Bloch, Capital, Visão, Sistema Brasileiro de Comunicação, Jornal do Brasil, Rede Rondon de Comunicação Ltda. e Rede Piratininga. Ganharam os grupos Sílvio Santos e Bloch. As nove concessões de TVs extintas da Rede Tupi, cassadas em 1980, mais a vaga da Rede Excelsior, sediada na cidade de São Paulo, cassada em 1970, foram cedidas ao jornalista e empresário Adolpho Bloch e ao empresário e apresentador Silvio Santos, em 19 de Agosto de 1981 pelo presidente do Brasil, João Figueiredo. Nesse dia, passaram às mãos de Bloch, quatro canais que pertenciam à Rede Tupi e Rede Excelsior. Outras quatro concessões da Rede Tupi foram cedidas ao Silvio Santos, que lançou o Sistema Brasileiro de Televisão, mais conhecida como SBT, no mesmo dia. O Grupo Bloch decidiu adiar o lançamento da emissora, para poder preparar o projeto da nova rede. A Rede Manchete ficou com o canal 6 do Rio de Janeiro (antiga TV Tupi carioca), o canal 9 de São Paulo (antiga TV Excelsior), o canal 2 de Fortaleza (antiga TV Ceará), o canal 4 de Belo Horizonte (antiga TV Itacolomi) e o canal 6 do Recife (antiga TV Rádio Clube de Pernambuco). De fato, o SBT é sucessor da Rede Tupi de Televisão e já a Manchete era sucessora da Tupi e Excelsior. A nova rede recebeu o nome da revista Manchete, carro-chefe da Bloch Editores desde sua estréia em 26 de Abril de 1952. Há também uma polêmica que dura até hoje de que a concessão da Manchete seria para o Grupo Abril, pois o grupo nunca se conformou em ter perdido aquela concorrência para Bloch e aponta o favorecimento do regime militar brasileiro como motivo da vitória. Por outro lado, o Grupo Bloch demonstrou que nunca esteve preparado para arcar com os custos da criação de uma rede de televisão e devido a este equivoco encontrou-se em estado pré-falimentar nas crises de 1992 e 1998.

Inauguração em 1983
Quase dois anos depois das concessões, a Rede Manchete foi ao ar pontualmente às 19h do domingo, no dia 5 de junho de 1983, contando com um investimento inicial na casa dos US$ 50 milhões de dólares, um investimento altíssimo para a época. Logo na estréia, a Rede Manchete chegou com grandes inovações. Foi colocada no ar uma contagem regressiva futurística de 8 segundos para o discurso no ar de Adolpho Bloch no cenário do jornalismo da emissora. Em seguida, apareceu a mensagem em que oficializava a entrada do ar a rede e a primeira afiliada: a TV Pampa, de Porto Alegre, onde contava com várias "emissoras gêmeas" da mesma TV no interior do estado do Rio Grande do Sul. Em seguida, foi ao ar uma moderna vinheta, um clipe onde uma nave, representada pelo "M" (logotipo da emissora), sobrevoava as principais cidades brasileiras e aterrissava no alto do prédio da Rua do Russel, no Rio de Janeiro, local da emissora. A moderna vinheta permaneceu no ar durante os 16 anos da emissora, a mais longa vinheta de uma televisão brasileira e também do mundo. No dia da inauguração da Manchete, era possível ler os lábios de Adolpho Bloch perguntando: "Cadê o Som?". Depois do imprevisto que atrasou em quatro minutos a inauguração da emissora, o presidente da emissora, Adolpho Bloch, disse: "São coisas eletrônicas, uma pecinha só e pronto!". A emissora carioca tinha como sua cabeça de rede no Rio de Janeiro e era sediada num majestoso prédio, arquitetado por Oscar Niemeyer, na Rua do Russel, 744-766-804, no bairro da Glória (Zona Sul do Rio de Janeiro). Em 1990, a emissora inaugura sua nova sede em São Paulo, que era nos bairros do Sumaré (antena transmissora) e Casa Verde (Zona Norte), na Av. Prof. Ida Kolb, 551. O primeiro programa a ser exibido foi um show denominado "Mundo Mágico", contando com a participação de diversos conjuntos musicais e artistas, com várias atrações, dentre elas o recente grupo musical Roupa Nova, que foi transmitido ao vivo. A audiência chegou a incomodar o jornalístico "Fantástico", exibido pela Rede Globo. Depois do show, a Rede Manchete colocava no ar o primeiro filme exibido em sua história o filme inédito "Contatos Imediatos do Terceiro Grau", de Steven Spielberg, que colocou a emissora na liderança em audiência, alcançando 27% contra 12% registrados pela Rede Globo na capital carioca. Isso acabou assustando um pouco as outras emissoras. Entrava no ar o "Clube da Criança", revelando a apresentadora infantil, modelo e manequim Xuxa. Houve naquela época uma grande polêmica sobre a Xuxa, que pousou nua em várias revistas masculina, a última foi poucos meses antes de estrear como apresentadora infantil. Xuxa permaneceria à frente da atração até ser contratada pela Rede Globo em 1986. Foi adotado o primeiro slogan "Televisão de Primeira Classe" e dentre os programas que ganharam destaque nos primeiros meses de transmissão Manchete foram: "Conexão Internacional", com Roberto D'Ávila; "Bar Academia", com Walmor Chagas; "Persona"; "Um Toque de Classe", com grandes nomes da música erudita nacional; "Bar Academia"; "Xingu"; "Concertos de Ópera" e o "Jornal da Manchete", telejornal exibido em horário nobre. O primeiro diretor de programação foi Rubens Furtado e o segundo foi Kendey Araújo. A rede tenta com uma programação de alto nível, com documentários, jornalismo e programas de entrevistas.


1984-1990
Em fevereiro de 1984 a Rede Manchete estreou na transmissão dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, ocorridos no recém inaugurado Sambódromo da Marquês de Sapucaí. A Manchete transmitiu o evento com exclusividade. A Rede Globo se recusou em cobrir a festa, devido os atritos entre Leonel Brizola, então governador do estado fluminense, e Roberto Marinho, proprietário da emissora. A transmissão foi ao vivo e deu a Manchete liderança folgada no Rio de Janeiro. O ano marcou também pela criação do núcleo de dramaturgia e pela transmissão dos comícios das "Diretas Já". Em julho, a emissora transmitiu pela primeira vez os Jogos Olímpicos, realizado em Los Angeles. Ainda naquele mês, entrava no ar "Antônio Maria", a primeira novela produzida pela emissora e a série humorística "Tamanho Família". No mês de agosto a Manchete começou a gravar e exibir a primeira produção de dramaturgia, a minissérie, a Marquesa de Santos, protagonizada por Maitê Proença e Gracindo Jr.. Na história, a Marquesa de Santos, era umas das amantes do imperador D. Pedro I, que embora seja casado com a Imperatriz Leopoldina, tinha várias amantes sendo ela a mais conhecida. A trama, repleta de escândalos palacianos que teriam levado à renúncia de D. Pedro em 1831, em meio da maior crise política e social. A mini-série foi um sucesso de audiência. Em 15 de março de 1985, a rede faz cobertura a posse até então vice-presidente José Sarney, o primeiro civil a assumir a presidência desde o golpe militar de 1964, pois o Tancredo Neves foi internado na véspera da posse. A emissora faz cobertura da agonia e a morte de Neves ocorrida em 21 de abril do mesmo ano. No mesmo ano, na primeira fase, como parte da programação voltada para os jovens, é exibido o FM TV nos finais de tarde, o programa de videoclips musicais cuja linguagem visual antecipava a atual MTV Brasil. Alguns de seus apresentadores tornaram-se nomes conhecidos do grande público: Tim Rescalla, Patrícia Pillar, Emílio Surita e João Kléber. Os primeiros sinais de prejuízo surgiram em fevereiro de 1986. A rede acumulava um prejuízo de 80 milhões de dólares e uma dívida que chegava a 23 milhões de dólares. Apesar disso, a partir desse ano, são exibidas outras telenovelas de sucesso produzidas pela Manchete, como a Dona Beija, lançada em abril. Em 21 de abril, ganha nova afiliada em Amazonas e Rondônia: a Rede Brasil Norte. Em junho, transmitiu pela primeira vez a Copa do Mundo de Futebol, diretamente do México. Com o agravamento da crise, no mês de setembro acontece a primeira greve de funcionários. Apesar disso, entre 1986 a 1991, chega a ser a segunda maior rede de televisão do Brasil e a terceira maior potência na TV da América Latina (perdendo apenas a Rede Globo e a rede de televisão mexicana Televisa). A TV Brasília, que até então era afiliada do SBT passa a retransmitir a rede em junho, se tornando a principal afiliada. José Wilker chega ao final do ano para reforçar o núcleo de dramaturgia e coloca no ar em março de 1987 a novela policial "Corpo Santo". Em abril, a emissora estréia "Nave da Fantasia", um programa infantil, com outra revelação do talento da apresentadora Angélica, então com apenas 13 anos e que estudava na sétima série do 1º Grau. Em julho, nova crise na Rede Manchete e são demitidos cerca de 100 funcionários. A linha de shows é desativada. Adolpho Bloch confirma a intenção de vender a rede. No segundo semestre, Angélica passa a apresentar o "Clube da Criança", totalmente reformulado. Em 1988, depois de cinco anos insistindo a programação de alto nível, com documentários, jornalismo e programas de entrevistas, a dívida da Rede Manchete sobe para os 34 milhões de dólares, provocando a extinção de programas, que não deram audiência e anunciantes. O investimento de televisão de primeira classe, não teve retorno financeiro e nem audiência, levando a extinção de programas, quase todos na época da estréia de 1983. Os grandes anunciantes não demonstraram qualquer interesse neste tipo de programação, preferindo nas redes Globo, SBT e Bandeirantes, todas com programações populares. Em mais uma tentativa de salvar a emissora são colocados no ar 19 novos programas, entre eles: o humorístico "Cadeira de Barbeiro", com Lucinha Lins e Cacá Rosset e o "Sem Limite" com Luiz Armando de Queiroz. Nas manhãs, o espaço era do jornalismo com a exibição do noticiário "Repórter Manchete". À tarde faziam sucesso os seriados "Jaspion" e "Changeman". A emissora transmitiu em setembro, as Olimpíadas de Seul, a segunda olimpíada. Em 1989, no mês de julho ia ao ar (com grande sucesso) a novela "Kananga do Japão", protagonizada por Christiane Torloni e Raul Gazolla. No esporte, destaque para as transmissões ao vivo dos jogos da "Copa Rio". No jornalismo "Documento Especial: Televisão Verdade", apresentado por Roberto Maya e dirigido por Nélson Hoineff. A emissora lançou o "Cabaré do Barata", com o humorista Agildo Ribeiro. Em março de 1990, a Rede Manchete inicia a exibição da novela "Pantanal". A novela foi de grande sucesso e os índices de média na audiência da novela superaram pela primeira vez a da Rede Globo, tendo 40 pontos de audiência, a primeira vez que uma rede desbanca Globo desde 1975, quando a TV Tupi registrou a última liderança. O Documento Especial: Televisão Verdade estréia na atração. Em junho, a emissora transmitiu a Copa do Mundo da Itália. Em dezembro, ia ao ar a novela "A História de Ana Raio e Zé Trovão", sucedendo Pantanal, que tem a média de 16 pontos. Nos primeiros e fim dos anos da Rede Manchete na década de 1980, a emissora começou a ganhar as afiliadas e repetidoras em todo o Brasil.


1991-1992: Primeira Crise
Em 1991, o "Cinema Nacional" ganhou destaque na programação. No mesmo ano, o diretor Jayme Monjardim reúne com todos os representantes das emissoras afiliadas da rede para anunciar a nova programação visual da Manchete, acompanhada por novos programas. A Manchete começa a investir milhões de dólares na nova novela "Amazônia", que no fim foi um fracasso de audiência (apenas 2 pontos), por causa disso, no fim desse ano, a Manchete entrou em grave crise econômica (a causa principal conhecida foi o altíssimo investimento na novela, que acabou em prejuízo estrondoso). A nova programação visual prometida pelo Monjardim não dá certo e é demitido pelo Pedro Kapeller, provocando a crise. Neste ano também a Rede Manchete deixava de ser vice-líder de audiência, após perder a posição ao SBT, ficando em terceira colocada. Com o agravamento da crise no início de 1992, Adolpho Bloch começou a procurar um comprador para a emissora. Entra no ar "Almanaque", programa de variedades apresentado por César Filho e Tânia Rodrigues. O Grupo IBF (Indústria Brasileira de Formulários), presidida pelo empresário Hamilton Lucas de Oliveira, se ofereceu para cuidar da emissora. A rede começa a ser negociada com o Grupo IBF, que fez fortuna com a impressão de raspadinhas. Em maio, concretizava-se a venda da Rede Manchete de Televisão para o Grupo IBF, 670 funcionários foram demitidos e a base de operações foi transferida para São Paulo. No mês seguinte era oficializada a venda para o IBF, até a Bloch Editores se reestabilizar em 1994, quando o grupo voltaria ao controle da emissora. Já na nova administração estréia, com apresentação de Clodovil Hernandez, o programa "Clodovil Abre o Jogo". Com a saída do "Documento Especial: Televisão Verdade" (que foi para o SBT) foi criada o "Manchete Especial: Documento Verdade", com apresentação de Henrique Martins, para sanar a perda do programa. Em julho, a emissora transmitiu os Jogos Olímpicos, realizado em Barcelona. A emissora faz cobertura nas denúncias que levaram o impeachment ao Presidente da República Fernando Collor, entre abril a dezembro.


1993: Retorno ao Adolpho Bloch
Pela primeira vez, em fevereiro de 1993, a emissora não fez a cobertura do Carnaval Carioca. Em São Paulo, o atraso no pagamento de salários, alguns desde 1992, leva os funcionários retirarem a TV Manchete São Paulo do ar, ao interromperem a programação da emissora no fim da tarde do dia 15 de março. Eles exibem em seguida um protesto escrito, colocando no ar um slide denunciando a falta dos pagamentos e o sucateamento da emissora. De imediato, é deflagrada a greve de funcionários. O atraso dos salários e o sucateamento da emissora levaram a Bloch a entrar com um processo na Justiça a fim de retomar a emissora. Através de medida cautelar, a emissora retornou ao controle da família Bloch em 23 de abril, quando a Justiça do Rio de Janeiro devolve a Rede Manchete de Rádio e Televisão ao empresário Adolpho Bloch, alegando que a IBF, do empresário Hamilton de Oliveira, descumpriu cláusulas contratuais. Bloch alega que o IBF não completou o pagamento da compra, mas Hamilton de Oliveira alega que o pagamento não foi completado em função do valor das dívidas da rede ser o dobro do informado pelo Grupo Bloch. A retomada da rede foi um ano antes do acerto do entre IBF-Manchete. Após a retomada, Seu Adolpho, como era conhecido, o sobrenome do fundador (bloch em letra minúscula) acompanha abaixo da famosa logomarca da emissora M. A então desconhecida Igreja Renascer Em Cristo, teve um importante papel na recuperação da Manchete no período posterior ao cancelamento da venda da emissora para o Grupo IBF, arrendando uma significativa parcela da programação das rádios AM, FM e TV Manchete. Após a perda da emissora, Hamilton entrou com um processo, que foi conseguido, na Justiça do Estado do Rio de Janeiro, para que a Manchete não ser vendida sem autorização de Hamilton de Oliveira, que se considera o legitimo dono da emissora. O processo perdura por seis anos. Na parte esportiva, consegue os direitos de transmissão da Fórmula Indy-CART, que por quase dez anos era exibida pela Rede Bandeirantes. A emissora colocou no ar a novela "Guerra Sem Fim" no final de 1993 e lançou "Raio Laser", programa de video-clip, com apresentação de Nato Kandall.


;
1994
Em 1994, entrou no ar a novela "74.5 - Uma Onda no Ar", produzida pela TV Plus. A novela foi duramente criticada principalmente pelo título, pois no Brasil e o Mundo, as frequências de rádios FMs que saíram dos fabricantes era de 87.5 até 107.9, portanto inexiste em uma rádio comercial. Entre junho e julho, a emissora fez o compacto da novela, por horário para não coincidir os horários das partidas da Copa de 1994. Em 11 de maio, Hamilton Lucas de Oliveira, dono da Indústria Brasileira de Formulários (IBF), e a direção da TV Manchete são condenados pela CPI da TV Jovem Pan por crimes de corrupção ativa, formação de quadrilha, sonegação fiscal e enriquecimento ilícito. No mês seguinte, dia 8 de junho, o relatório final da CPI recomenda o afastamento dos diretores da TV Manchete e de Hamilton Lucas de Oliveira. Eles foram excluídos de qualquer sociedade que tenha por finalidade administrar ou explorar concessões públicas. A emissora fez a cobertura da Copa do Mundo de 1994 nos Estados Unidos, vencida na final pelo Brasil.


1995-1997: Reerguimento
1995

Com o fim da grave crise, ensaia um reerguimento entre 1995 a 1997, marcado principalmente pelos sucessos de novelas, desenhos japoneses, telejornais, programas policiais, esportivos (como "A Grande Jogada"), o alugamento de programas de televendas (especialmente do Grupo Imagem com o famoso 011-1406) e religiosos evangélicos das igrejas Renascer em Cristo e Internacional da Graça de Deus (apesar de representassem na época por volta de 10% da população). No mês de fevereiro, a emissora voltava a transmitir o Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Acontece o embargo de bens da emissora pelo estatal Banco do Brasil por causa das dívidas. De 1995 até 1997, as primeiras emissoras afiliadas dos anos 1980 e inícios dos anos 90 começam deixar a Rede Manchete, passando para as redes Record e a CNT. Devido ao processo em que Hamilton Lucas ter entrado contra Bloch para que a rede não seja vendida sem o consentimento dele em 1993, a direção do Grupo Bloch decide criar o "Bloch Som & Imagens", que ficou responsável por produzir as novelas, sem o risco de voltar para o controle do Grupo IBF. Os anúncios já estavam no ar para a estréia do semanal "Seu Boneco nas Paradas". O programa iria ao ar aos sábados e significaria a volta da emissora à produção de programas de auditório, com números musicais e shows de calouros. Contaria ainda com a participação de personalidades em seu júri como Chiquinho Scarpa, Rogéria, Magda Cotrofe e João Roberto Kelly. A tentativa de se fazer um “Novo Chacrinha” não deu certo e o programa foi extinto. Lug de Paula, que interpretava o personagem "Seu Boneco", apresentava ainda o "Clube do Sr. Boneco" de segunda à sexta às 17hs35min com apenas dez minutos de duração. Vai ao ar a novela "Tocaia Grande", baseada em obra de Jorge Amado, com índice de audiência que alcançou em média 20 pontos. A emissora passou a apelar para a nudez como foco principal de sua estratégia de conseguir audiência na noite e madrugada, tentando ficar no segundo lugar na guerra contra o SBT de Silvio Santos, perdendo como de esperado somente para a líder Rede Globo, voltando ser a vice, perdida em 1991. Em setembro, Carlos Amorim assumiu a direção de programas jornalísticos e no dia 18, estreava o polêmico "24 Horas". Idealizado por Fernando Barbosa Lima e apresentado por Solange Bastos, era um programa altamente sensacionalista que explorava imagens fortes, mostrando a realidade nua e crua. A crítica o viu como uma reedição do Documento Especial: Televisão Verdade, levado ao ar em 1990. O programa atraiu significativa audiência e ajudava a formar uma grade de programação mais popular. No início de novembro, Márcia Peltier inovou e trouxe para a Televisão Brasileira o primeiro jornalístico baseado em pesquisas. O "Márcia Peltier Pesquisa" estreou no dia 8 de outubro e atraiu uma audiência de cerca de 10 pontos, o que acelerou a subida da emissora. A programação da Manchete se fixava e a emissora fidelizava sua audiência. Em 20 de novembro, o empresário e dono da emissora, Adolpho Bloch, falecia aos 87 anos de embolia pulmonar, no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Os parentes de Adolpho assumem a presidência da emissora.


1996

No início de 1996, a rede crescia e programas como o Câmera Manchete ganhavam destaque e audiência. Uma nova vinheta marcaria o início da programação desse novo ano com o slogan: "Rede Manchete, você em Primeiro Lugar". Depois de transmitir o carnaval, em fevereiro, a Manchete se preparava para lançar uma programação popular e ao mesmo tempo com muitos documentários. As novidades começaram já no dia 9 de fevereiro, com a estréia do "Programa Raul Gil" aos sábados das 14-18h30. O clássico programa seria o grande trunfo da emissora para largar de vez o perfil da "TV de 1ª Classe". A audiência subiu, tornando a emissora líder de audiência por várias vezes nas tardes de sábado. As novidades continuavam com a estréia em abril do esportivo "Toque de Bola", um debate apresentado pelo veterano Paulo Stein aos domingos, das 21hs30min às 22hs30min. No mesmo embalo, após o programa terminar, estreava "O Grande Júri", com José Carlos Cataldi, que acabou não tendo sucesso. No mesmo pacote das novidades, voltavam do fundo do baú as séries "National Kid" e "Ultraman", além da estréia dos desenhos japoneses "Sailor Moon", "Shurato" e "Samurais Warriors". Em abril, seguindo a linha dos jornalísticos, entrava no ar o "Na Rota do Crime", apresentado por Marcos Hummel, que seria exibido todas as sextas na faixa das 22hs30min. O propósito do programa era acompanhar os policiais em diversas operações pelas favelas nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Sendo assim, chegou muitas vezes a liderar a audiência no horário com médias de até 16 pontos. Com mais essa novidade, a faixa das 22h30 estava dedicada a programas jornalísticos de segunda à sexta. Em junho, a emissora comemorava 13 anos com uma grande festa. Foram dois shows com artistas famosos: um para os funcionários com Daniela Mercury, e outro para o público, em plena tarde de domingo no Aterro do Flamengo, em frente ao prédio-sede da emissora. O show durou das 16hs às 20hs e contou com as participações dos grupos "Só Pra Contrariar" (SPC), "Double You", "Roupa Nova" e "Os Morenos". Em meio às novidades dos "13 anos", dois programas estreariam no dia seguinte: Gente Importante apresentado por Anna Bentes Bloch, com entrevistas nas tardes de segunda à sexta, e "Manchete Verdade", um telejornal no estilo de uma revista eletrônica, com ancoragem de Marcos Hummel e as participações diárias de Dora Bria (esportes), Carlos Chagas (política), Tamara Leftel (economia) e Ique (charges). A emissora se firmava como o canal da notícia e da informação. Nas noites de sábado estreou o programa "Uma História de Sucesso", que mostrava a trajetória de cantores e grupos musicais do Brasil e do mundo e também mostrava o dia a dia de personalidades famosas da música e da televisão. No mês de julho e agosto, a Manchete se preparava para apresentar os Jogos Olímpicos de Atlanta de 1996, intitulados "Olimpíadas de Ouro". A transmissão do evento contou com a apresentação do "Jornal da Manchete" por Márcia Peltier, direto da cidade-sede do evento, nos EUA. Em julho, a Manchete estreava uma nova vinheta que mostrava ao fundo telas de quadros de pintores renomados. Em setembro, sob o comando de Walter Avancinni, entrou no ar "Xica da Silva". A novela conta a história da Xica da Silva (protagonizada pela então desconhecida atriz Taís Araújo) na época do Brasil Colonial do século XVIII, que escandalizou a sociedade de sua época. Exibida entre 22hs10min até 23hs com classificação para maiores de 14 anos, a novela foi um grande sucesso de audiência desde Pantanal, chegando a ultrapassar a Rede Globo. A novela atingiu uma média de 17 pontos com picos de 22. A Manchete estava em segundo lugar absoluta em vários horários e poderia ser considerada a terceira colocada no ranking em audiência e crescimento. Juntamente com a novela Xica da Silva era lançada uma nova vinheta, que ficaria no ar até 1999.


1997

A emissora entra no ano de 1997, sustentada pelo sucesso de Xica da Silva. Para se ter uma idéia, na época da novela, o "Jornal da Manchete" registrava médias entre oito a nove pontos. Além de sustentáculo para a programação, a arrecadação com a trama possibilitava novos investimentos. Foi destaque no jornalismo da emissora durante o ano: "Na Rota do Crime", "Operação Resgate", "24 Horas" e "Câmera Manchete". Sendo assim, as novidades vieram rápidas. Entre as novas atrações, estreava Mistério, apresentado por Walter Avancinni, que passaria a revezar com o Câmera Manchete as noites de quarta. O propósito era mostrar fenômenos paranormais ressuscitando a velha fórmula do "Acredite Se Quiser", também apresentado no final da década de 1980. O semanal "Na Rota do Crime" ganhava agora uma edição diária com meia hora de duração apresentada por Florestan Fernandes. Marcos Hummel passou a dividir a apresentação do "Jornal da Manchete" com Márcia Peltier. Essa última alteração, no entanto, durou pouco tempo. Embora a audiência do jornal tivesse aumentado, a emissora tirou Marcos Hummel da apresentação do jornal. Após um bom desempenho como especial de final de ano de 1996, o musical "Mexe Brasil", tornou-se programa fixo semanal. Inspirado no especial "Samba Brasil", estreou nas noites de sábado, indo ao ar logo após o Jornal da Manchete. Nas tardes de domingo, em parceria com a "TV Ômega", de Amílcare Dallevo, uma nova proposta surgia. A emissora trazia de volta o veterano Jota Silvestre, juntamente com Marcelo Augusto, Thunderbird e as crianças Luís Fernando e Isabella no comando do Domingo Milionário. Com muitos jogos e brincadeiras, o programa oferecia o prêmio máximo de 1 milhão de reais, além do sorteio de vários carros entre os participantes que telefonassem a partir do sistema "0900". Jota Silvestre trouxe de volta seu velho sucesso, o quadro "O Céu é o Limite". Mais tarde, Sérgio Reis entrava no programa apresentado o campestre "Sérgio Reis do Tamanho do Brasil". A emissora lançou a menina Debby, de apenas cinco anos de idade, como apresentadora da nova versão do "Clube da Criança", exibido às 18hs, com apenas meia hora de duração. A atração veio como uma resposta ao programa "Disney Club" do mesmo gênero, que havia estreado no SBT meses atrás. Para as tardes, a emissora lançou o feminino "Mulher de Hoje", comandado por Beth Russo, que mesclava, entre outros assuntos, dicas de beleza, culinária, artesanato e entrevistas. Em 10 de agosto, Patrícia Luchesi (mais conhecida pelo comercial onde aparece ganhando o primeiro sutiã em 1988) e o cantor Sérgio Reis, estréiam novo programa Sérgio Reis do Tamanho do Brasil. Patrícia interpreta a empregada matuta Marinilda, enquanto Sérgio faz o papel do próprio cantor real. Além dos esquetes, o programa traz ainda convidados como Roberta Miranda, Zezé di Camargo & Luciano e até o autor de novelas Benedito Ruy Barbosa. Em 19 de agosto, com o fim de "Xica da Silva", entrava no ar o "Mandacaru", baseada na história do cangaço. Apesar de a novela ser um sucesso, não repetiu o sucesso da anterior, ficando presa à média de 8 pontos de audiência com os picos de 12 pontos, mas reage e tem 11 pontos com 15 picos de audiência. Em 23 de agosto, Sula Miranda estreou o musical "Sula Miranda Show", nas noites de sábado. O Mexe Brasil, por sua vez, foi transferido para a quinta-feira, substituindo o independente "Business", que passou para as noites de domingo. Nessa mesma época, estreava o programa de entrevistas de segunda as sextas "Sandy & Júnior Show", que por sinal acabou permanecendo no ar alguns meses. Em seu lugar, estreou o "Manchete Clip Show", programa de vídeo clips exibido de segundas às sextas. Em 13 de outubro, o humorista Tiririca, estreava o programa infantil Vila do Tiririca. Exibido de segunda, às sextas-feiras, entre 18hs30min até 19hs, a atração ficou poucos meses no ar e o Tiririca transfere para o SBT. Durante os meses de novembro dezembro, a Rede Manchete realizou uma grande campanha para arrecadar fundos em benefício ao natal de pessoas carentes. A campanha denominada "Natal Feliz", teve o apoio da "Fundação Renascer em Cristo", com participação e apoio de todo o elenco da emissora. No dia 5 de dezembro, o técnico da seleção brasileira Zagallo, estreava o programa Bate Bola com Zagallo, no ar nas sextas-feiras às 23hs40min, com 5 minutos de duração. Zagallo recebe mais de R$ 5 mil por mês. No entanto, a atração ficou poucos meses no ar. No mesmo mês, Beth Russo deixa o programa Mulher de Hoje e é substituído interinamente por Celso Russomanno.

1998-1999: Segunda Crise

1998
A Rede Manchete entra no ano de 1998 com primeiros de sinais de desgastes: A novela Mandacaru dava baixos lucros e os programas jornalísticos estavam desgastados. Aliada a isso, a situação econômica do Brasil e mundo não era estável desde a crise asiática de outubro de 1997, com as taxas de juros em alta. As dívidas da emissora aumentavam cada vez mais quando não eram pagos. A Manchete anunciava novidades já no mês de março. A primeira delas consistiu em uma grande reformulação dos noticiários da Rede. O "Jornal da Manchete" foi totalmente renovado e teria três edições ao longo do dia. A proposta era que o jornalismo voltasse a ser como na época da estréia da emissora. Assim, no dia 27 de março, o telejornal entrava em cena com cenário totalmente futurista, trazendo de volta a redação do jornal, atrás de um vidro que mostrava um enorme mapa-múndi. Claudete Troiano assume o comando do vespertino "Mulher de Hoje". Salomão Shwartmman substituía o "Momento Econômico" pelo "Frente a Frente". O programa "Pra Valer" estréia nas tardes diárias pelo apresentador Celso Russomanno. Inicialmente, "Pra Valer" era um quadro do programa "Mulher de Hoje". Depois, ambos passaram a ser um único programa cada um. Em 23 de março, estreava o programa "Madalena Manchete Verdade", às 19hs30min, o programa de casos verídicos apresentado por Magdalena Bonfiglioli, recém-saída do SBT. A atração veio como uma resposta ao programa "Márcia" do mesmo gênero, com a então desconhecida Márcia Goldschmidt e ao "Programa do Ratinho", ambros exibidos pelo SBT. A fórmula utilizada era a mesma, com cenas de baixaria entre os convidados diante das câmeras, o que se repetiu na atração da Manchete. O programa mostrou bons resultados. Sua fórmula já era conhecida: nele, os convidados davam depoimento de seus problemas para a apresentadora, e a equipe do programa tentava resolvê-los. Caracterizou-se por ser um programa extremamente popular. Aos domingos também houve uma grande novidade. Em parceria com a produtora independente TV Ômega, de propriedade de Amílcare Dallevo, a Manchete substituía o mal-sucedido "Domingo Milionário" pelo "Domingo Total", comandado por Otávio Mesquita, Virgínia Novick e Sérgio Malandro. O programa teve ótimos índices de audiência, principalmente quando entrava no ar o quadro comandado por Otávio Mesquita, onde o apresentador acordava vários famosos. Sérgio Malandro também se destacou com à frente da "Festa do Malandro". Mesmo com essas bem-sucedidas estréias dos programas, os juros das dívidas da emissora cresciam o que prejudicava a emissora, que pela primeira vez ultrapassava o valor da própria emissora e há primeiros casos de atrasos de salários. Pela legislação vigente, a rede deveria ter encerrado as atividades, diante de dividas que ultrapassam o próprio patrimônio e a ausência do pagamento de diversos tributos. Mas o ótimo relacionamento entre governo federal e a rede, impediu o fechamento, pois iria provocar o desemprego em massa dos funcionários. Mesmo assim, a emissora luta para sobreviver e passa começar a produzir e gravar a novela "Brida", como nova esperança. A nova novela é baseada no livro do mesmo nome de Paulo Coelho. Para poder produzi-la, foi tomada a decisão de priorizar os investimentos, levando o resto da programação a um estado de penúria. Mesmo assim, o setor de teledramaturgia sofre: desde salários atrasados a problemas com a alimentação oferecida pela emissora. Em junho, os salários dos funcionários do mês de maio não foram pagos, o que era um péssimo sinal. No mesmo mês, a equipe da emissora instalou-se na França para a cobertura (até a extinção da emissora) o que seria a última Copa do Mundo. A emissora superou todas as dificuldades na transmissão dos jogos. O que não se contava era com o fraco desempenho, obtendo na terceira partida zero ponto na cidade de São Paulo e 1 ponto na cidade do Rio de Janeiro. Afinal de contas, a emissora investiu pesado na transmissão, enviando uma grande equipe realizar a cobertura da Copa. Mas os motivos para este fraco desempenho estão visíveis. A emissora não tem tradição em transmissões esportivas, especialmente em futebol. Sem uma equipe fixa de comentaristas e locutores, a emissora teve de improvisar, chamando locutores e comentaristas de rádios cariocas além de técnicos de futebol. A mesa-redonda, apresentada pelo Otávio Mesquita, pode ser considerada como a mais chata existente. Finalmente, o principal motivo: a falta de uma programação anterior ao jogo que impulsione a audiência. No dia 19 de julho, o programa semanal "Domingo Total", umas das principais atrações da rede, apresentado pelo Otávio Mesquita, entra no ar pela última vez, ao ser contratado pelo SBT. O programa possuía uma das maiores audiências da emissora, atingindo 6 pontos no Ibope. No lugar da atração, entrou no ar em 26 de julho, o "Festa do Mallandro", apresentado pelo comediante e ator Sérgio Mallandro, que chegou a ocupar durante um período (mas espeficamente durante a prova de IndyCar) o segundo lugar no Ibope. Em 3 de agosto, graças ao lançamento do novo livro de Paulo Coelho, "Verônica Decide Morrer", a rede obtém uma publicidade extra para novela "Brida". No mesmo mês, estréia "Brida", novela baseada no best-seller de Paulo Coelho, no lugar da novela "Mandacaru", pois passou ser exibida por um ano e rendeu em média de 15 pontos de audiência (segundo o Ibope) e que emissora espera recuperar a audiência do horário. Na nova novela, a rede apostou no esoterismo e no erotismo, temas de presença constante nas novelas da emissora. Mas uma vez, caras novas na telinha, atores oriundos do teatro e de outras áreas, como a cantora Simone Moreno. A produção, no entanto, tem sido conturbada, marcada por problemas financeiros e pelas desavenças criadas pelo Walter Avancini. A novela não alcançou bons índices de audiência (a direção da emissora esperava ter 5 ou 6 pontos e Walter Avancini queria até 12, mas marcou apenas 2 e 3), muito piores do que a antecessora Mandacaru, o que levou os anunciantes abandonarem o patrocínio. O fracasso da novela ameaçou o emprego de Walter Avancini e diante da crítica situação, tenta desesperadamente salvar a novela, tendo trocado o autor Jayme Camargo por Sônia Mota (filha de Nelson Rodrigues) e Angélica Lopes (que trabalhou com o diretor na novela "Tocaia Grande"), ambas participantes da elaboração da sinopse. Avancini contratou e cogitou vários atores, alguns oriundos da Tocaia Grande. Em setembro, a situação da Manchete leva a perda de audiência e saída de apresentadores. A situação se agrava com os anúncios das primeiras emissoras afiliadas e as retransmissoras dos anos 1980 e 90 em deixar a Rede Manchete, passando para as redes Record, CNT e Bandeirantes. Em 7 de setembro, Jayme Monjardim, deixa Manchete e volta à Rede Globo, depois de 10 anos ter sido afastado da emissora. O apresentador Raul Gil, que comandava o Programa Raul Gil, entre 14-20 horas todos os sábados por quase 4 anos e que rendia em média 7 pontos de audiência, anuncia que vai deixar a emissora pela Record para apresentar a atração similar. Em 18 de setembro, funcionários da Manchete ameaçam entrar em greve devido o atraso e o parcelamento de salários aos que ganham acima de R$ 700,00. e alguns deles iniciaram a greve. Para piorar a situação, a novela Brida, principal produto da emissora vem se revelando num grande fracasso. Por fim, a rede não pode ser vendida devido ao processo na justiça impetrado pelo Hamilton Lucas em 1993. Em 22 de setembro, Márcia Peltier, apresentadora do "Jornal da Manchete", perde demissão na emissora por causa da crise. Ela é contratada pela Rede Bandeirantes para apresentar o programa feminino na noite "Mulheres do Brasil" em 1999. Em 1º de outubro, a TV Vitória, afiliada e única emissora retransmitindo Manchete no estado de Espírito Santo há 14 anos, deixa a rede que enfrentava crise para a Record, deixando o estado sem sinal da emissora. Antes da mudança de rede, a TV Vitória negociou a Record por dois anos para manter a programação local e até chegou exibir programas da Igreja Universal do Reino de Deus na época que retransmitia a Manchete. No mesmo dia, novas debandadas na Manchete: o diretor geral da programação da rede Fernando Barbosa Lima, o apresentador Ronaldo Rosas e a diretora de eventos jornalísticos especiais Ana Costábile, anunciam que vão deixar a emissora. Notícias (que seriam confirmadas mais tarde) dão conta que cerca de 600 funcionários vão ser demitidos nos próximos dias. O objetivo é reduzir em 50% os gastos com pessoal. Todos os programas jornalísticos, com exceção do Jornal da Manchete, vão ser extintos. Fernando Lima é contratado pela TVE Brasil. A direção do grupo Bloch reage à nova crise e decide demitir quase 700 funcionários da emissora (30% do quadro de TV e 20% da editora) dos que tinha cerca de 1.700 funcionários, corta a produção de quase todos os seus programas jornalísticos, abortando inclusive a novela "Brida" e vários programas extintos: "Na Rota do Crime", "Magdalena, Documento Verdade", "24 Horas", "Mistério" e a novela "Brida" (acusada de ser o motivo da crise, teve a equipe reduzida, assim como o número de capítulos). A direção decidiu que após o termino da novela, o departamento de dramaturgia será desativado, sendo colocado no ar a reprise da novela "Pantanal". Em 4 de outubro, faz a cobertura das eleições de 1998, mas com a crise, a cobertura foi pífia, tornando-se grande decepção das eleições, apesar de ter grande tradição na cobertura dos grandes eventos políticos, tendo ocupado uma posição de destaque nas eleições anteriores. No dia 5 de outubro, Pedro Jacques Kapeller, presidente do Grupo Bloch e dono da Rede Manchete de Televisão, anuncia durante uma reunião com diretores e editores do grupo, que todas as empresas estão à venda. Durante a reunião não foi informado se o grupo será desmembrado para facilitar a possível venda. O anúncio foi feito às vésperas do pagamento do salário de setembro. A direção da emissora já anunciou que não possui dinheiro em caixa para realizar o pagamento dos funcionários e tenta negociar um acordo, que evite uma nova greve, com a direção de três sindicatos dos radialistas, gráficos e dos jornalistas. Recentemente, houve o parcelamento do pagamento dos salários dos funcionários quem ganham entre R$ 700,00 e R$ 5.000,00, dando início a um momento grevista. Quem ganhava acima de R$ 5.000,00 continua sem receber desde setembro. Na prática, a decisão de Kapeller contraria a liminar judicial, conseguido por Hamilton Lucas em 1993, agora presidente do Grupo DCI - Editora Jornalística, que diante deste impasse, a direção do Grupo Bloch tenta vender apenas uma pequena parte da Rede Manchete, mantendo o seu controle. Kapeller tenta também encontrar uma "solução política" para salvar a emissora. Vale lembrar que o Banco Brasil e o Governo Federal estão entre os maiores credores da rede. O Grupo Abril vem sendo apontado como o provável comprador do Grupo Bloch. Roberto Civita anunciou que não possui interesse na produção de TV. Segundo boatos, já confirmados, a direção da Bloch já teria oferecido a emissora a família Civita. Apesar do Bloch ter negociado à Civita, surge outro comprador Edir Macedo, bispo da Igreja Universal do Reino de Deus e proprietário da Rede Record, que a Manchete passaria a integrar a Rede Família. Vale ressaltar que não é a primeira vez que Macedo tenta comprar a Manchete. Devido à propaganda eleitoral de vários estados, o programa de vídeo clip exibido de segunda à sexta às 20hs, com duração de 30 minutos, "Manchete Clip Show", passa ter mais 20 minutos de duração, pois na época do segundo turno das eleições para os estados durante o mês de outubro passa das 20hs30min até 20hs50min. Em 7 de outubro, a superintendente do Grupo Bloch e vice-presidenta da Rede Manchete, Jacqueline Kapeller, reúne-se com cerca de 300 funcionários na sede da emissora, no Rio de Janeiro, pedindo a compreensão pelos salários atrasados. Disse que as dificuldades são conjunturais e que todo o setor de comunicação está em crise. O pedido coincidiu no mesmo dia que os salários de setembro não foram pagos. Em 9 de outubro, as dívidas com a recém-privatizada Embratel (junto com a CNT) passa começar a ser descontadas através dos cortes diários do sinal da emissora no satélite, entre 23 horas da noite até as 6 horas da manhã, prejudicando programas no fim de noite e início da madrugada e as afiliadas que a retransmitem. Com isso, as redes não foram incluídas na medição de audiência. Em 13 de outubro, as negociações para a venda da rede, anunciada internamente por dias anteriores este dia, aos funcionários da emissora, esbarram na disputa jurídica de seis anos sobre a propriedade da rede, quando o empresário Hamilton Lucas de Oliveira, comunicou que não foi consultado sobre o assunto e que, sem seu aval, uma hipotética venda é impossível. Mas o processo, que levou Oliveira perder a emissora pelo Bloch em 1993, continua tramitando na 35ª vara cível do Rio de Janeiro. Os vencimentos de agosto foram pagos com atraso e apenas a quem ganha menos de R$ 5 mil e os salários maiores acima de 5 mil ainda estão pendentes. E o pagamento de setembro, que deveria ter sido feito até dia 7, tampouco foi depositado. Segundo a gerente de comunicação, Adriana Carvalho, a Jacqueline Kapeller explicou aos funcionários que o grupo busca sócios, não a venda total. A superintendente informou, também, que há três empresas interessadas, sem revelar quais. Em litígio com a família Bloch, Hamilton de Oliveira enviou comunicado ao jornal Gazeta Mercantil, alegando que não procede a intenção dos donos da rede de vender a emissora, porque ela 'já fora vendida a mim e à DCI-Editora Jornalística'. Segundo o advogado Roberto Leonessa, que representa Oliveira, a decisão sobre a propriedade da Manchete está sub judice e isto impediria que qualquer uma das partes (tanto Oliveira quanto os Bloch) promova a venda mesmo parcial das cotas, a menos que entrem em entendimento, 'o que não está acontecendo'. Em 14 de outubro, cerca de 1100 funcionários das cinco emissoras próprias da Manchete, entram em maior greve da história da rede, para protestar a demissão de 600 funcionários e também os atrasos dos salários em cinco emissoras próprias da Manchete (RJ, BH, RE e FO foram pagas até agosto e a de SP até setembro). No mesmo dia, o elenco da novela Brida adere à greve e praticamente interrompe as gravações da novela. Os grevistas ameaçam interromper as transmissões da rede caso não sejam pagos. Na mesma semana da greve, a DCI-Editora Jornalística se interessa para comprar a Manchete. Em 19 de outubro, foi gravado o último capítulo da novela Brida, que seria exibida no dia 22, quando a equipe da novela reuniu em frente ao prédio da emissora para melancólico encerramento das gravações e início de uma batalha judicial para garantir direitos trabalhistas. A novela é encerrada às pressas diante do estouro da nova crise na emissora, agravado pela adesão do elenco na novela à greve dos funcionários, quando a greve do elenco precipitou o fim da novela. No mesmo dia, cerca de 30 artistas, ex-integrantes da novela, entram no Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT-RJ) com uma petição contra a produtora Bloch Som & Imagens, exigindo o pagamento dos salários atrasados. A produtora deve cerca de R$ 150 mil aos artistas. A petição foi entregue por Carlos Fernando Albuquerque, advogado do Sindicato dos Artistas e Técnicos de Espetáculos e Diversões (SATED-RJ), e exige também o fim dos contratos de exclusividade dos artistas com a emissora. No dia 23, era exibido a reprise do último capítulo de "Brida". Uma semana depois da greve, os funcionários da TV Manchete de São Paulo colocaram no ar slides exigindo soluções para a crise. Em 26 de outubro, no lugar de "Brida", a Manchete coloca no ar a reprise da novela "Pantanal", que em duas semanas já apresentava o triplo da audiência de sua antecessora. Na segunda semana, chegou aos 4 pontos. Com o sucesso de "Pantanal", a Manchete pode aumentar os intervalos destinados aos comerciais, o que resultaria num aumento de faturamento que possibilitaria o pagamento dos salários atrasados dos funcionários. No mesmo dia, boatos da Rede Mulher, associada a um banco japonês, estaria interessada em comprar a rede, mas os bancos no Japão se encontram em dificuldades à crise internacional de agosto do mesmo ano. Em 4 de novembro, o Ministério das Comunicações indica o Banco Pactual para tentar resolver a crise e promover a venda da Rede Manchete. O banco tenta conseguir uma trégua na disputa entre Hamilton de Oliveira e o Grupo Bloch que permita a venda da emissora. Em 5 de novembro, o ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, confirma que o Banco Pactual está trabalhando como adviser na venda rede e que o banco tentará viabilizar uma saída para a empresa e que o ministério tem por objetivo manter a Manchete funcionando e evitar os problemas aos funcionários que possam ser causados por dificuldades financeiras da empresa. A declaração do ministro, coincidiu o dia das comemorações do primeiro aniversário da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), na sede da entidade, em Brasília, onde Luiz Carlos participa. Em 8 de novembro, os funcionários da TV Manchete São Paulo decidem paralisar novamente as atividades em função da diretoria da emissora não ter cumprido o acordo que previa o pagamento dos salários atrasados. Na semana seguinte, representantes da Televisa chegam ao Brasil negociando com todas as partes envolvidas, demonstrando interesse em realizar uma provável compra. Em 23 de novembro, os representantes dos funcionários do Grupo Bloch entraram na negociação, tentando acelerar a venda da emissora. Em 26 de novembro, a Eletropaulo suspende o fornecimento de energia elétrica à TV Manchete São Paulo, durante a tarde. A emissora não paga as contas pelo serviço desde março de 1996. Durante o período em que ficou sem energia, a emissora utilizou os próprios geradores. A Eletropaulo restabeleceu o fornecimento após a emissora ter comprovado o pagamento da conta do mês de novembro de 1998. No final do mês, o Sindicato dos Artistas, que representa ex-atores da novela Brida, entra em ação judicial e consegue liminar na justiça suspendendo a exibição do Pantanal sob o argumento que a emissora não havia pago os direitos de reexibição aos artistas da trama, mas o Grupo Bloch recorre da sentença. Em 30 de novembro, o ex-diretor da TV Cultura de São Paulo, Roberto Muylaert, faz a primeira visita à TV Manchete Rio de Janeiro. Muylaert negou que será novo diretor da emissora. Em 1º de dezembro, Roberto Muylaert é contratado pelo Banco Pactual como consultor para avaliar a viabilidade da programação da emissora. Em 9 de dezembro, o Banco Pactual define estratégia para reerguer a Manchete, como a formação da produtora, com o nome de SuperTV1, que ficaria responsável pela programação que irá ao ar e pela comercialização dos espaços publicitários. A idéia é que a Manchete receba da produtora o aluguel pelo uso das instalações e dos equipamentos e que a receita (obtida com a nova programação) seja utilizada para amortizar a dívida da emissora. Quanto aos funcionários, cedidos para produtora, mantendo o vínculo empregatício com a Manchete, o que seria provável que metade dos salários atrasados seja pagos e o restante seja transformado em ações da empresa. A estratégica do Banco Pactual tem a aprovação do Grupo Bloch, mas o banco continua enfrentado problemas gerados pela discordância do empresário Hamilton de Oliveira que reclama na justiça a propriedade da emissora e apesar disto, o banco continua acreditando que o processo de reestruturação da Manchete possa obter mesmo sucesso alcançado com na estruturação do Grupo Mesbla e as 15 empresas. Em 11 de dezembro, ocorre o impasse entre a direção da emissora e o Banco Pactual. Kappeler exige que o banco assuma as dívidas trabalhistas e os salários atrasados dos funcionários, o que o banco não aceitou. O impasse levou o Ministério das Comunicações a convocar Kappeler, já que se encerrou na mesma semana o prazo de renovação da concessão da Manchete. A notícia do impasse provocou a convocação de uma assembléia dos funcionários, ocorrida durante a tarde no Rio de Janeiro. A assembléia contou com a participação de funcionários de todas as emissoras do Grupo Bloch e ficou constatada a divisão entre os próprios funcionários. Enquanto isso, em São Paulo, um grupo de 25 funcionários da TV Rede Manchete São Paulo invadem e ocupam a torre de transmissão da emissora exigiram o pagamento de um percentual do salário de um mês (70%). Com uma câmera, os funcionários transmitiram imagens de bilhetes pedindo ajuda ("Estamos passando fome", "Kappeler tem dinheiro e não paga", "Estamos sem salário há três meses"). Os transmissores chegaram a ser desligados, tirando à emissora do ar. A invasão terminou com a intervenção de diversos políticos. No Rio de Janeiro também houve tentativa de invasão, mas a polícia, chamada pela direção da emissora, conseguiu evitar. Nova assembléia foi marcada para dia 15. Vale lembrar que caso uma emissora fique fora do ar por mais de 48 horas seguidas, o governo é obrigado cassar a concessão, o que significará o desemprego para todos os funcionários da emissora, porém, alguns sindicalistas acreditam que este fato possa levar o governo a realizar uma intervenção na emissora. A cassação chegou a ser apontada como uma solução para a crise da emissora, já que existem grupos interessados na concessão. Mas o processo de leilão da concessão, por parte do governo, esbarra na legislação, que poderia paralisar as atividades da emissora por mínimo de dois anos. No dia 15 de dezembro, os funcionários grevistas da TV Manchete Rio de Janeiro e a direção da Manchete se reúnem novamente no Rio de Janeiro.[44] Jacqueline Kappeler, diretora superintendente do Grupo Bloch, anuncia que a direção vai esperar definir o destino da emissora nas próximas 48 horas. A empresa mais cotada para comprar a rede continua sendo o Grupo Abril. Especula-se que Pedro Kappeler já tenha iniciado as conversações com os diretores do grupo para a venda, o que depende o empresário Hamilton de Oliveira, se concordará com o negócio. Enquanto isso, os funcionários grevistas ameaçam tirar o sinal da emissora do ar, caso até dia 18, não seja apresentada uma solução para o pagamento dos salários atrasados. Em 16 de dezembro, a privatizada Embratel (administrada pelo grupo MCI) dá um prazo de dois dias, para que a Rede Manchete pague a dívida com a empresa (na época quando era estatal). Caso não efetue, ameaça ampliar mais uma hora o período de suspensão do sinal da emissora, mantida entre às 23hs até 6hs. A punição já dura mais de dois meses e tem prejudicado a operação das emissoras afiliadas. Caso a Embratel amplie o horário de suspensão, a emissora poderá deixar de apresentar em rede nacional a novela "Pantanal", que vem obtendo cerca de 10 pontos de audiência, causando graves prejuízos para a rede. Antes da ameaça, a Embratel normalizou a transmissão dos sinais da CNT, que também tinha recebido a mesma punição. No mesmo dia, em decisão da juíza Rosana Travesedo, do Tribunal Regional do Trabalho, dá ganha a causa aos sindicatos dos jornalistas e dos radialistas em ação na qual pediam abono das faltas desde o início da greve e pagamento dos atrasados. Na TV Manchete Rio de Janeiro, o horário ocupado do bloqueio da Manchete pela Embratel são os programas da Igreja Universal do Reino de Deus do Edir Macedo. É que a igreja está transmitindo os programas, produzidos no Rio de Janeiro, através da Manchete. Boa parte da programação "ao vivo" da Manchete é referente à transmissão dos programas, mas com materialismo como alvo. Com o aluguel dos horários da igreja, gerou especulações que Edir Macedo e o jornal O Dia (que veicula nos intervalos comerciais na rede) seriam pretendentes da compra, além do Grupo Abril, o grande favorito. No dia 17 de dezembro, a Rede Manchete paga 20% do salário de setembro (os representantes dos funcionários reivindicavam 70%) e também partes à Embratel, evitando a ampliação de corte do sinal. No mesmo dia, o juiz Marco Aurélio Santos Fróes, da 35ª Vara Cível de Justiça do Rio de Janeiro, dá ganho de causa ao Grupo Bloch no processo movido contra o empresário Hamilton Lucas de Oliveira, do Grupo DCI, para retomada da posse da rede e cancelamento do contrato de venda. A decisão da justiça considera válida a rescisão do contrato de venda da Manchete e obriga o Grupo DCI a pagar uma indenização, a título de perdas e danos, no valor de 50 mil salários mínimos. Apesar da decisão ainda ser em primeira instância, poderá facilitar uma provável venda da emissora.

;
Em 18 de dezembro, o dia em que a diretoria do Grupo Bloch anunciasse o destino da Manchete, com a transferência do controle da emissora para o Banco Pactual seja aceito e caberia ao banco a responsabilidade de sanear a emissora e posteriormente vende-la, não ocorre, pois a diretoria não cumpriu a promessa e manteve a indefinição sobre o futuro da emissora. Segundo a diretoria, não foi possível fechar o acordo de transferência do controle da emissora. Oficialmente, o motivo do impasse é a responsabilidade pelo pagamento dos salários atrasados dos funcionários: o Grupo Bloch deseja que o Banco Pactual assuma a dívida enquanto que este preferência deixar esta responsabilidade por conta da SuperTV1, empresa que será criada para administrar a rede. No final da tarde, a rede emitiu um comunicado informando que a aprovação do acordo ficará na dependência da aprovação dos funcionários. Em entrevista no final de semana à TV Cultura, o diretor Fernando Barbosa Lima (conhecido por ter criado de programas de qualidade como o "Persona", "Jornal de Vanguarda", "Xingu" e "Abertura"), faz duros ataques aos "Programas Populares", especialmente o "Programa do Ratinho" e o "Leão Livre". Nenhum momento na entrevista, ele citou é que era diretor geral da Rede Manchete, até pedir demissão em setembro e responsável pela criação de diversos programas popularescos da mesma rede, como "Na Rota do Crime", "Magdalena Verdade", "24 Horas", além das novelas eróticas de Walter Avancini. Foi sob a desastrosa gestão que a rede despencou de vez no popularesco e na crise. A reunião entre os sindicatos que representam os funcionários com o banco foi marcada para dia 21. Justamente no dia da reunião realizada no Rio de Janeiro, os representantes dos sindicatos dos jornalistas, artistas e radialistas, em nome dos funcionários da Rede Manchete, fecham acordo com a diretoria do Banco Pactual. Pelo acordo, os funcionários da rede receberão integralmente os salários atrasados até um valor que não ultrapasse 70% da média dos salários da empresa. O valor que superar este teto será pago 50% em dinheiro e o restante com ações da empresa. Vale ressaltar que estas ações só terão valor caso a Manchete consiga se recuperar financeiramente. O acordo possa permitir a passagem do controle das emissoras para o Banco Pactual (apesar da relutância da família Bloch/Kappeller). Em 21 de dezembro, a vice-presidente da rede, Jaqueline Kappeller, pediu mais uma semana de prazo aos funcionários para concretizar a venda da emissora. Os empregados, que não recebem há três meses, haviam se comprometido a colocar a emissora no ar, desde que o negócio com o Banco Pactual fosse fechado. Em documento enviado à assembléia dos empregados, no Rio de Janeiro, Jaqueline insinuou que o Pactual não havia cumprido parte dos acertos para a venda. Apesar de terem assinado um acordo com o Banco Pactual, os funcionários em greve decidiram radicalizar o movimento, chamado de "A Estratégia de Sabotagem", que tem por objetivo, manter a pressão sobre os proprietários da emissora e divulgar a crise da emissora. Em 22 de dezembro, o "Jornal da Manchete" não entra no ar às 20h50, como era o tradicional horário, devido à greve dos funcionários do setor do jornalismo. Em 23 de dezembro, os funcionários tiram do ar o sinal da emissora por meia hora e prometem repetir o gesto até que seja pago os salários em atraso. Em 25 de dezembro, ocorre o novo impasse, desta vez foi à reivindicação de Pedro Kappeler, em receber uma indenização pela perda do controle da emissora. O Banco Pactual rejeitou de imediato. O comportamento da direção do Grupo Bloch deixa evidente o propósito de impedir a transferência do controle da emissora. Como consequência, nova radicalização do movimento grevista dos funcionários que agora ameaçam a emissora com uma "operação sabotagem". Na manhã do dia 28 de dezembro, o Banco Pactual anuncia durante a assembléia dos funcionários na porta da emissora, que não está mais negociando um contrato para sanear e vender a Rede Manchete, suspendendo as negociações de quatro meses. O banco informou que o fim das negociações foi motivado pela desistência dos dois últimos investidores interessados na compra da emissora. No início das negociações havia cinco investidores interessados no negócio, mas os impasses criados pelo Grupo Bloch para a assinatura do contrato de transferência acabaram por desanimar os investidores. Com a saída do Pactual, o destino da rede passa a ficar nas mãos do Ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, que poderia cassar a concessão dada ao Grupo Bloch. O presidente do Grupo Bloch, Pedro Jaques Kappeler (Jaquito) se disse surpreso com a decisão do Banco Pactual. Segundo ele, a assinatura do contrato para a transferência do controle da emissora seria assinada na parte da manhã. Comenta-se que a direção do Grupo Bloch, na realidade, nunca este interessada na transferência do controle da emissora para o banco. No mesmo dia, os funcionários da Manchete realizam a manifestação em frente à residência de Jaquito no Rio de Janeiro e anunciaram que pretendem continuar com os cortes do sinal da emissora e com a realização de novas manifestações em frente à residência de Jaquito.

;

1999
Janeiro de 1999: Parceria com Igreja Renascer Em Cristo

Em 1º de janeiro de 1999, a Manchete (junto com o SBT), são as únicas redes a transmitirem totalmente a cerimônia de posse do presidente reeleito Fernando Henrique Cardoso, apesar dessas redes não possuírem o Departamento de Jornalismo. Em 4 de janeiro, Pedro Jack Kapeller, surpreende a todos envolvidos e os que acompanham a crise da Rede Manchete, que assinou no dia anterior, o contrato com a produtora Renascer Gospel Comunicação Produções Ltda., pertencente à Fundação Renascer, administrada pela igreja evangélica Renascer Em Cristo, tornando-se a parceira da Rede Manchete de Televisão. Pelo acordo controverso, que não é venda e nem arrendamento, o grupo Bloch continua sendo proprietário da Rede Manchete. Antes do acordo, o líder da Renascer, Estevan Hernandez, sempre negou o interesse na compra a emissora, alegando falta de capital, apesar da igreja fosse apontada em dezembro como umas das possíveis compras. O grupo Bloch arrendou toda a programação para a Igreja, em mais uma tentativa de salvar a emissora. O sobrenome bloch (abaixo da letra M da Manchete) deixou ser exibido e passou exibir a RGC (sigla de Rede Gospel de Comunicações). A produtora R.G.C. Produções Ltda., é responsável dos programas da igreja sejam exibidas na mesma rede. Pelo contrato firmado entre Jaquito e a Fundação Renascer, a produtora passa a dividir a responsabilidade pela produção, operacionalização e comercialização das cinco emissoras que compõem a rede, sob pagamento mensal de 60 parcelas fixas de R$ 4,8 milhões, por 15 anos. A produtora passa a deter o controle da rede e promete pagar em 90 dias os salários atrasados dos funcionários do Grupo Bloch (incluindo a gráfica e a editora), que também deverá pagar a dívida com o INSS e a Embratel, consideradas prioritárias. O bispo Antonio Carlos Abbud (sócio do presidente da Renascer, do auto-intitulado apóstolo Estevam Hernandes), não se trata da compra da rede e sim, de uma sociedade. Neste cenário, o novo homem forte da Manchete seria o publicitário Antônio Carlos Abbud. O contrato ainda não pode ser considerado concluído, pois ainda depende da aprovação de Carlos Sigelman, sócio e primo de Jaquito. Além da resistência de Sigelman, Jaquito enfrenta a desconfiança dos representantes sindicais dos funcionários da Manchete. Pegos de surpresa, os sindicalistas não demonstram apoio do controle da emissora para a entidade religiosa. O Sindicato dos Radialistas acusa a igreja de cometer diversas irregularidades trabalhistas nas rádios que estão sob o seu controle. Os sindicalistas fazem uma reunião às 14hs com o ministério das comunicações para avaliar o contrato firmado. Hamilton de Oliveira se manifestou contra o acordo. Há evidência que a direção do Grupo Bloch ter feito manobras para impedir que o Banco Pactual assumisse a rede, pois a direção preferiu assinar com a produtora ligada à Igreja Renascer. A emissora melhorou muito, tanto financeiramente, quanto internamente e no conteúdo. A igreja passa a produzir todos os programas e a vender os espaços comerciais da emissora, mas não paga os salários dos funcionários, atrasados em quatro meses. No dia 5 de janeiro, o bispo da igreja, Antonio Carlos Abbud, que está coordenando as negociações, afirma que a igreja não vai assumir as dívidas da Rede Manchete. "Vamos estabilizar a emissora nesse primeiro momento e receber dinheiro de anunciantes". A dívida com atrasados é de cerca de R$ 20 milhões, segundo o Sindicato dos Radialistas de São Paulo. No mesmo dia, Manchete ganhou um novo prazo do Ministério das Comunicações para comprovar que está em dia com o INSS, o que é necessário para renovar as cinco outorgas que possui no país, vencidas desde agosto de 1996. Essas certidões negativas de débito, que deveriam ser apresentadas no dia 18 de janeiro, poderão ser encaminhadas até a segunda quinzena de maio. O ministério não foi informado. A Igreja Renascer cria três números de telefone, especialmente para os fiéis ajudarem a pagar o arrendamento da rede: O fiel pode contribuir com R$ 10 (0800-7010-10), R$ 25 (0800-7010-25) ou R$ 50 (0800-7010-50) reais. Em uma gravação, a bispa Sônia Hernandes, fundadora da igreja, agradece a ligação, sem informar a finalidade da contribuição nem como a conta será cobrada. O telefone é divulgado em programas da Renascer, nos quais também não é mencionado que a arrecadação servirá para pagar o arrendamento da Manchete. No dia 6 de janeiro, o bispo Antonio Abbud anunciou que até o próximo dia 20 será anunciado a nova programação da emissora e que o processo de reestruturação deverá terminar num prazo de seis a oito meses e otimista, ele acredita que a emissora tenha condições de brigar pela audiência. Mas não explicou qual será a nova programação que será definida pela Igreja Renascer. Estevão Hernandez declara que a igreja já está pedindo mais contribuições dos fieis para arcar com as novas despesas. Portanto, fica claro que a dívida da Manchete será paga pelos fieis da igreja. No mesmo dia, os grevistas, sindicatos e o Ministério das Comunicações marcam para o dia 13, a reunião sobre a crise. Em 7 de janeiro, a cantora Simony (ex-Balão Mágico) é convidada para fazer um programa infantil. Ela frequenta a mesma igreja que assumiu a Manchete. No dia 8 de janeiro, é anunciada que a Rede Globo vai transmitir sozinha o desfile das escolas de samba da cidade do Rio de Janeiro de 1999. É a primeira vez desde 1984, quando adquiriu sozinha, os direitos para transmitir o carnaval na cidade do Rio de Janeiro, em que o Carnaval carioca é transmitido apenas pela Globo. A Manchete tradicionalmente apresenta novelas e alguns programas com forte teor erótico, contrários aos princípios da igreja. Por este mesmo motivo, a Manchete deixa de transmitir o evento que virou símbolo da rede. Em 11 de janeiro, com dívidas de aproximadamente R$ 500 milhões de reais, Grupo Bloch paga apenas o primeiro dos quatro salários atrasados (incluindo o 13º salário) de seus funcionários desde setembro de 1998. Segundo o Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro, só os funcionários que não receberam o aviso prévio em setembro e outubro do mesmo ano foram pagos. O sindicato prometeu entrar com ação para que os demitidos também recebam. O pagamento só foi possível depois do acordo firmado entre Manchete e a Fundação Renascer. Os sindicatos que representam grevistas da rede denunciam que a R.G.C. Produções Ltda., pretende demitir entre 85% a 90% dos 2.900 funcionários e trabalhar apenas com funcionários contratados da produtora. A RGC só contratará funcionários da rede que peçam demissão. Caso sejam contratados pela produtora, o funcionário da Manchete deverá receber um salário inferior ao que era recebido. A revolta com a atuação da igreja levou os funcionários das TVs Manchete de São Paulo e Rio de Janeiro partirem em caravana para Brasília, para reunir com o Ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, para tentar uma solução que impeça a transferência da emissora para a Igreja Renascer. Na reunião, incluindo o senador Eduardo Suplicy que acompanha as negociações, Veiga considera "grave" a situação da Manchete e que pretende encontrar uma solução para os problemas "no menor prazo" possível. O governador do Rio de Janeiro, Antony Garotinho, anuncia que vai tentar impedir a transferência da emissora para São Paulo. Um grupo de advogados de diversos estados anuncia que vão impedir que a igreja assuma as operações da rede, sob a alegação que o negócio é ilegal, já que qualquer concessão de TV depende de aprovação do Congresso Nacional. Em 13 de janeiro, ocorre reunião entre o grupo de funcionários e sindicalistas da emissora com o ministro Pimenta da Veiga. O motivo dos funcionários e sindicalistas é para pedir o ministro que interfira nas negociações entre a emissora e a igreja e a preservação de empregos ou que a concessão da emissora vencida seja cassada. O ministro declara para eles, em que está disposto a retirar o Grupo Bloch do controle da rede e transferir a emissora para novos administradores que comprovem ter capacidade técnica e financeira para o negócio. Para concretizar essa operação, o ministério deverá determinar a transferência direta do controle acionário da emissora por meio de uma exposição de motivos aprovada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. O grupo Bloch seria forçado a transferir o controle da Manchete, mas continuaria responsável pelos débitos com o INSS. Veiga declarou que o contrato firmado entre o Grupo Bloch e a Igreja Renascer é "frágil e sem bases legais". As declarações do ministro demonstram a intenção do governo em intervir na crise da Rede Manchete. O grupo de sindicalistas e funcionários pediu que o ministério interfira no acordo firmado entre Manchete e a Fundação Renascer. Os funcionários esperam que o Grupo Bloch volte a negociar a transferência do controle da emissora para o Banco Pactual. Em 15 de janeiro, o presidente do grupo Bloch, Pedro Jack Kapeller, entrega ao ministro Pimenta da Veiga, em Brasília, carta de exposição de motivos que inclui o compromisso de pagar em 90 dias, os salários atrasados dos funcionários da emissora. Na carta com 23 itens, Kapeller também se compromete a saldar as dívidas fiscais e bancárias da empresa.
Em 18 de janeiro, cerca de cem jornalistas e técnicos da rede voltam ao trabalho nas cinco cidades em que a emissora tem concessão. Os trabalhadores voltaram ao serviço depois de receber um dos cinco salários atrasados. O programa Mulher de Hoje, da Claudete Troiano, que deixou ser exibido, voltou ao ar, desta vez ao vivo. O Jornal da Manchete (fora do ar desde o 22/12) voltou a ser apresentado, às 20hs30min. Após a novela Pantanal, às 22hs, a emissora estreou o novo programa de debate chamado "Se Liga Brasil", de uma hora de duração. A produção foi possível depois que a direção da rede conseguiu o retorno deles, depois que concordaram com a promessa de receber os quatro meses de salários atrasados em 90 dias e o recebimento do pagamento do mês de janeiro dentro do prazo legal. Segundo a chefa de reportagem do Rio de Janeiro, Nelma Esteves, entre os 37 funcionários que voltaram a trabalhar na cidade não estão repórteres e editores, mas apenas diretores. Apesar do retorno de cerca de cem grevistas, a greve dos funcionários da continua. Em 19 de janeiro, líderes da Igreja Renascer (entre eles o líder da igreja Estevam Hernandes Filho) se encontram com o Ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, fechando a rodada de discussões sobre o arrendamento da emissora para a igreja. A reunião o ministro Pimenta da Veiga com o presidente da Fundação Renascer, Estevam Hernandes Filho, termina no impasse. Estevam disse que a RGC (Rede Gospel de Comunicação) tem o "compromisso" de pagar dívidas da Manchete para viabilizá-la, mas Veiga insiste em retirar o grupo Bloch e a própria fundação do controle da emissora, devido às dívidas da Manchete que estão estimadas em cerca de R$ 500 milhões reais, sendo R$ 250 milhões com o INSS. O ministro Pimenta da Veiga reafirmou a intenção de transferir a concessão da rede para um grupo em condições de manter a emissora e ameaçou cassar a concessão da emissora se as contas não estiverem em dia até 18 de maio. Estevam Hernandes reafirmou a intenção de quitar as dívidas da emissora e anunciou que os salários atrasados dos funcionários deverão ser pagos até o mês de abril. Segundo os assessores de Veiga, o ministro não reconheceu a responsabilidade da Renascer sobre a Manchete e avaliou que o acordo é "juridicamente frágil", pois foi feito sobre concessões que estão vencidas desde 1996. No dia 21 de janeiro, o presidente do grupo Bloch, Pedro Jack Kapeller, afirma no Rio de Janeiro, que pretende pagar todos os salários atrasados dos funcionários da Rede Manchete até o final de março. No mesmo dia, os funcionários que retornaram ao trabalho ameaçam nova greve , acusando a RGC não ter cumprido a promessa de pagar os salários da primeira quinzena de janeiro em dia aos que voltaram. Em 22 de janeiro, a emissora envia telegramas a vários funcionários que estão demitidos por justa causa, "devido ao abandono de funções a partir de 14 de outubro de 1998 (data de início da greve)". O comunicado contraria decisão da juíza Rosana Travesedo, do Tribunal Regional do Trabalho, em 16/12, que deu ganho de causa aos sindicatos dos jornalistas e dos radialistas em ação na qual pediam abono das faltas desde o início da greve e pagamento dos atrasados.[46] O Sindicato dos Jornalistas disse ter conhecimento de outros três telegramas que apresentam como justificativa o fato de os trabalhadores terem participado de manifestação, em 28/12, em frente ao prédio onde mora o presidente do grupo Bloch, Pedro Jack Kapeller. Segundo a advogada dos sindicatos, Cláudia Durant, "participação em manifestação não pode ser apresentada como justa causa". Kapeller disse, por sua assessoria de imprensa, que a empresa enviou telegramas de demissão a "poucos" funcionários. A Manchete considerou que eles deram motivos para receber justa causa. Por conta do anúncio da nova demissão, os trabalhadores no Rio de Janeiro decidiram manter a greve. O Sindicato dos Jornalistas encaminha à Procuradoria da República, denúncia contra o acordo entre Manchete e Renascer, por ser ele baseado em concessões vencidas. No dia 23 de janeiro, a apresentadora de Mulher de Hoje, Claudete Troiano, declara sobre a volta do programa: "Já havíamos até esquecido do salário". Em 25 de janeiro, O ministro Pimenta da Veiga, decide cumprir as ameaças feitas ao presidente do Grupo Bloch, Pedro Kapeller, se reúne com o dono do Banco Pactual, Luiz Cezar Fernandes, determinando o reinicio das negociações para a venda da Rede Manchete, sob alegação que o acordo rede e a produtora RGC da Igreja Renascer é frágil e sem base legal, pois foi feito com uma concessão vencida desde 1996, o que é proibido nas leis de telecomunicações no Brasil.[78] Em 27 de janeiro, as redes Globo e Bandeirantes fecham o acordo para transmissão do carnaval, permitindo Bandeirantes transmitir o desfile das escolas de samba. Com isto, Bandeirantes passa a ocupar o espaço que era tradicionalmente da Rede Manchete. A transmissão vai ser realizada por um "pool" das duas redes, permitindo que Globo (detentora dos direitos de transmissão) diminua os custos com a cobertura. Outra vantagem para Globo é a possibilidade de não transmitir integralmente os desfiles. Em 28 de janeiro, segundo o jornal Folha de S. Paulo, o governo federal considera ilegal o contrato firmado entre a Rede Manchete e a Fundação Renascer. Análise jurídica do documento pelo Ministério das Comunicações (que o jornal teve acesso) concluiu que houve um "arrendamento integral" da rede de televisão, o que não é permitido pelos decretos 52.795/63 e 2.108/96. Pelo contrato, a Fundação Renascer (por meio da RGC Produções Ltda., produtora pertencente à entidade) assume a produção, operacionalização e comercialização da emissora, mediante o pagamento mensal de R$ 4,8 milhões, durante 15 anos. No caso de concessões, é necessária, junto com os requisitos legais, uma decisão do Presidente da República. Segundo a imprensa, o governo quer uma saída definitiva: a venda da Manchete e que está disposto a conversar com outros grupos que estejam interessados. Em último caso, a concessão seria cassada. No mesmo dia, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), anuncia que vai requerer ao ministro Pimenta da Veiga, informações sobre o contrato firmado entre a Rede Manchete e a Fundação Renascer. Baseado na notícia do jornal, em que o governo considera ilegal o arrendamento integral da emissora, pediu a transcrição da matéria. Suplicy se manifesta preocupado e solidário com os funcionários da Manchete que estão sem receber desde setembro. Conforme o senador, com um pequeno número de funcionários, a Fundação Renascer está fazendo a emissora funcionar, enquanto outros empregados, que deram seus esforços e dedicação, durante anos, à emissora, "continuam no limbo". Em 29 de janeiro, em anúncios pagos e publicados em principais jornais do país, Kapeller contesta as alegações de ilegalidade do acordo da rede com a Igreja Renascer. Em uns dos trechos, Kapeller ataca diretamente o ministro Pimenta da Veiga, levantando suspeitas sobre a intenção de o ministro transferir o controle da emissora para um grupo com capacidade financeira: "Esse tipo de preferência provocou recentemente o afastamento de um Ministro (José Mendonça de Barros) e de outras autoridades do governo". Infelizmente, as declarações de Kapeller, neste aspecto, possuem fundamentos. O governo federal reeleito em 1998 iniciou em janeiro uma campanha para exercer maior controle sobre as emissoras de TV e pretende deixar a Manchete com um grupo que apóie claramente o governo. A Igreja Renascer não agrada ao governo, principalmente a ala do PSDB de Pimenta da Veiga, já que ela apoiou ostensivamente o ex-governador Paulo Maluf nas últimas eleições para governador de São Paulo. No mesmo dia, o Ministério das Comunicações notifica ao Grupo Bloch a ilegalidade do arrendamento da emissora à Igreja Renascer, através da Rede Gospel de Comunicações (RGC). Segundo o ministério, o arrendamento integral da emissora fere a atual legislação. Cometa-se